Conforme a pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas em 2009, o número de pessoas, que professavam a fé cristã nesta época no Brasil, era em média de 88,66%. Talvez se olharmos para esta estatística de uma forma generalista, podemos chegar a um entendimento que realmente vivemos em um país evangelizado, onde as pessoas realmente creem em Jesus como Senhor e o seguem.
Mas será que de fato este percentual reflete a realidade da prática cristã? Será que este percentual de cristãos abordados na pesquisa, possuem uma compreensão clara do peso deste nome? Não quero aqui me atentar a uma religião em específico, se católico, espíritas, evangélicos ou outras. Mas quero me atentar unicamente a profissão de fé cristã.
Se percorrermos a Bíblia Sagrada, veremos que uma nação genuinamente cristã, ou seja, que segue a Jesus e o tem como seu único mestre e Senhor, se revela por uma sociedade mais justa, responsável, fiel, verdadeira, compromissada com as pessoas. Será que isso é o que temos visto em nossa nação, um povo que se preocupa com seu próximo? Políticos que têm como sua prioridade buscar o bem estar do povo e suas necessidades básicas de saúde, emprego e educação? Buscando cada vez mais amenizar a desigualdade social? Será que as igrejas no geral, tem se revelado amorosas, pastoreando seus membros e se importando com suas vidas como pessoa? Além disso, que possuem seus olhares para fora das quatro paredes, se importando com o bem social de sua comunidade local e tentando suprir suas necessidade básicas?
Ser cristão não é somente seguir um rito com dedicação, mas excede isso e chega ao ponto de uma vida genuinamente transformada que irá transformar outra vidas. Francisco de Assis entendia muito claramente o peso da se nomear cristão, dizendo “Pregue sempre o evangelho. Se necessário, use palavras”. Aqui ele diz que o cristão não é o que simplesmente prega com a palavra de conhecimento, mas sim a sua maior pregação é a própria vida; seu comportamento, atitudes que revelam a Cristo em seu dia a dia.
Entre tantas características do cristianismo, a bondade é citada em Gálatas 5:22 como sendo um Fruto do Espírito Santo de Deus. Não adianta dizermos ser cristãos se não buscamos isso para nossas vidas. Infelizmente o que temos visto são pessoas cada vez mais possuídas pela ganância do poder e dinheiro, que não se importam com seu próximo. Que não medem esforços em lesar aos outros para conquistarem posições ou favores. Pais e filhos que não se entendem e filhos rebeldes que se levantam contra seus próprios pais. A pergunta é; será que isso é cristianismo? Consta que Mahatma Gandhi teria afirmado a respeito dos cristãos ingleses: “Aceito seu Cristo, mas não aceito seu Cristianismo”. Ou seja, Gandhi entendeu o peso e responsabilidade de ser cristão, mas repudiou o cristianismo egoísta, imperialista e dominador imposto por eles.
Ai de nós escutarmos tais declarações quando descobrirem sermos cristãos. Será que realmente temos sido bons com as pessoas, independente de suas religiões ou crenças? Ser bom para os irmãos da fé é mais fácil, mas Jesus revelou sua bondade tanto com os seus como aqueles que o perseguiam, que o não consideravam. Mostrou sua bondade com prostitutas, criminosos, cobradores de impostos, entre tantos outros marginalizados pela sociedade. E o desejo de Deus é que sejamos imitadores de Cristo, sendo bondosos para com as pessoas, buscando amenizar o sofrimento humano.
Que neste dia possamos refletir sobre nossa fé e não abandoná-la se caso descobrirmos que estamos tão distantes do que realmente deveríamos ser, mas pelo contrário, que isso seja como o início de uma renovação de fé para nossas vidas e que a partir de então busquemos a bondade e o desejo de sermos imitadores de Cristo.
“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” (1 Coríntios 11:1)
Autor: Pedro Henrique T. Rêgo